Arte, rua e poesia: o feminino e o coletivo como força criativa
Ianah Maia – Mural Recife
Contemporâneas Vivara reconhece a força da arte e da poesia compartilhadas na rua, com murais e instalações produzidos por artistas mulheres, que modificam a paisagem com suas cores e histórias vibrantes. Em sua primeira edição realizada em 2020, o projeto contou com cinco murais da artista Hanna Lucatelli em parceria com a poeta Ryane Leão, em bairros centrais da cidade de São Paulo, e dez instalações da artista Verena Smit na Ciclofaixa de Pinheiros. Para comemorar as seis décadas de existência, a marca Vivara transcende o mundo das joias e aposta em mais uma edição do projeto: “Somos a maior rede de joalherias do Brasil. E, estando nesse papel, precisamos reforçar cada vez mais a
nossa brasilidade a partir do patrocínio e do empoderamento de mulheres artistas, dando voz e visibilidade a elas. A agenda do empoderamento feminino está no DNA da Vivara”, afirma Marina Kaufman, diretora de marketing da empresa. Stefania Dzwigalska, CEO Tête-à-Tête, produtora idealizadora do projeto, afirma ser de extrema relevância marcas que investem em projetos culturais para se comunicarem com seu público e deixarem um legado social. São projetos como o Contemporâneas Vivara que transformam e influenciam estruturalmente a sociedade.
Com lançamento previsto para Outubro, este ano o projeto estará em cinco cidades do país, com cinco artistas e cinco poetas, sendo o encontro entre arte e poesia o fio condutor da experiência de arte urbana. O sentimento de colaboração e coletividade será o elo entre os murais produzidos em Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Recife e São Paulo, nos quais cada uma das artistas irá incorporar a poesia em seus desenhos e cores, dando forma à potência de existir em si e em sociedade. Cada mural receberá um QR code, para direcionar o espectador ao site do projeto para maiores informações. A cidade de São Paulo receberá também uma instalação em formato de Banca Galeria localizada no Largo da Batata, que unifica as narrativas dos murais que serão pintados pelo Brasil. Ao longo de um mês, o público poderá assistir a um vídeo com as cinco poetas do Slam das Minas SP declamando os poemas produzidos especialmente para o projeto, além de fotografias da artista Mariana Caldas, com o processo de criação dos murais e pintura da artista Bea Corradi. Também fazem parte do projeto cinco instalações no centro de São Paulo, criadas pela artista Verena Smit. Segundo Vivi Villanova, diretora artística do projeto, na Banca Galeria, assim como nos murais pintados nas cinco capitais do país, o corpo que cria,
escreve, pinta e se movimenta pela cidade é protagonista da experiência artística.
Murais em produção: Efe Godoy (Belo Horizonte), Ianah Maia (Recife) e Larissa de Souza (São
Paulo)
ARTE COMO COLABORAÇÃO
Cinco artistas visuais – Larissa de Souza, Gugie Cavalcanti, Ianah Maia, Efe Godoy e
Camilla Siren – criarão murais em espaços urbanos das cidades que habitam, em
colaboração com as poetas do Slam das Minas SP. O processo criativo das artistas
começa a partir de um poema inédito concebido por cada uma das integrantes do Slam
das Minas SP. Como no slam a voz e o corpo são fundamentais na leitura e
interpretação dos versos, a proposta para o mural criado do encontro entre artista e
poeta, é que a pintura seja o corpo que dá casa ao poema. A colaboração está na
essência do processo criativo dos murais que compõem Contemporâneas Vivara 2022.
São mulheres que, com suas próprias biografias, histórias e sentimentos, compartilham
uma época e a vontade de transformar o mundo em que vivem. Na confecção dos
murais, cada artista não perde de vista que faz parte de uma rede de mulheres
trabalhando em conjunto, para celebrar o feminino e o coletivo como força criativa.
Pam Araujo, Kimani, Apêagá, Aflordescente e Carolina Peixoto
RUA COMO COMUNIDADE
Contemporâneas Vivara é um projeto de arte de rua que convida mulheres artistas que olham para a vida com a sensibilidade da arte e da poesia, a criarem trabalhos para serem expostos nas ruas de cinco cidades do Brasil. Em 2022 as cidades serão São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Brasília e Recife.
Cientes da responsabilidade que significa ocupar espaços públicos, impactando o cotidiano da comunidade que habitam, artistas e poetas colaboram para criar murais que carreguem afeto, leveza e vontade de cura. A poesia do slam tem o corpo como suporte da palavra. Com o slam aprendemos a ouvir com o corpo todo. A poesia do slam pintada na rua, ecoa a voz e convida a exercitarmos uma escuta atenta e aberta de nós mesmas e do outro. Cada trabalho transforma a paisagem da região na qual será instalado, e ao mesmo tempo, impacta comunidades diversas formadas na internet, quando
compartilhadas nas redes sociais.
POESIA COMO COLETIVO
Os poemas inéditos criados para estamparem os murais de Contemporâneas Vivara em
2022 são de autoria de cinco poetas integrantes do coletivo Slam das Minas SP, são elas:
Aflordescendente, Apêagá, Carolina Peixoto, Kimani e Pam Araujo. Organizadas como uma
rede de mulheres que usam a arte e a poesia para se manifestarem no mundo, elas
propõem e praticam o coletivo como potência de criação, fortalecendo e inspirando umas às
outras a partir da troca de processos, experiências e afetos. Nos poemas a serem pintados
nas ruas de cinco cidades do Brasil, as poetas do Slam das Minas nos lembram que somos
preciosas e que somos leoas com corações infinitos. Nos lembram que nossos sonhos são
do tamanho do céu e que realizamos cada um deles com nossos pés na terra. Nos lembram
que cuidando de nós mesmas, também cuidamos do mundo. Somos as que pintam, que cantam, que dançam. Somos artistas escrevendo nossa própria história e arquitetando a sociedade que vivemos. Somos uma rede de mulheres espalhadas por todo o país, animando as ruas e a vida de nossas comunidades, com nosso poder de criação.