Para Marcelo Rosenbaum, cada destino é visto assim, como um novo capítulo onde o contato com suas origens é fortalecido. De pai judeu e mãe católica, o arquiteto conseguiu, em Israel, identificar
“algumas virtudes minhas que me conectam com a cultura e religião judia. Foi, de certa forma, muito transformador me sentir parte dessa civilização, mesmo que me sentindo também diferente”, relembra.
Sua casa também é impactada por essa ideia de fortificar a conexão com os ascendentes. Em seu lar, objetos que vão além da função decorativa guardam histórias de um Brasil já quase esquecido. “Nas minhas imersões pelo país, me relacionando com mestres, professores e guardiões de muito conhecimento e sabedoria ancestral, aprendi que para os povos tradicionais não existem objetos como enfeites. Tudo é para servir e usar. São utilitários, mas sempre enfeitados com elementos que fazem reverência à natureza, uma forma de sacralizar todo momento da vida”.
O ‘A Gente Transforma’, projeto idealizado por Marcelo que roda o território brasileiro valorizando o trabalho de artesãos de comunidades locais, é uma das vertentes do seu ofício, que segue o mesmo propósito. “Entendi que meu trabalho na arquitetura e no design está em construir pontes entre os saberes ancestrais, as virtudes e as belezas da nossa alma brasileira, conectando com o melhor da ciência moderna e suas tecnologias”, explica. O projeto, aliás, intensificou sua relação com a Amazônia, quando, em 2012, Marcelo conheceu os Yawanawa, indígenas que produziram ao lado do arquiteto um modelo de moradia baseado na tipologia nativa da tribo. “O povo da queixada, que vive na margem do Rio Gregório, no estado do Acre, me fez entender muita coisa que estava procurando há anos na minha relação com a espiritualidade. Aprendo sobre a relação do ser humano com a natureza e a forma deles de entender a existência de forma integral, interconectada e interdependente entre todos os seres”.