Diretora do Grupo Corcovado Brasigran, Renata Malenza fala ao Invoga sobre sua trajetória familiar, os desafios de liderar em um setor masculino e como inovação, design e sustentabilidade firmaram sua marca como referência nacional e internacional.

Diretora do Grupo Corcovado Brasigran, Renata Malenza é hoje uma das vozes mais influentes do setor de rochas ornamentais. Conhecida como “Rainha das Pedras”, ela tem transformado o mercado com um olhar que une tradição, estética e inovação. Em entrevista ao Invoga, Renata fala sobre sua trajetória, os desafios da liderança feminina em um setor predominantemente masculino e como o design e a sustentabilidade se tornaram pilares estratégicos da empresa.

1. Renata, como começou sua história dentro do Grupo Corcovado Brasigran?

Minha relação com a empresa começou de forma natural, já que a Brasigran tem raízes familiares muito fortes. Eu cresci acompanhando esse universo — as pedreiras, os processos, o mercado — mas só quando entrei de fato para o time é que entendi o tamanho da responsabilidade e das oportunidades que tínhamos nas mãos. Meu papel foi trazer um olhar complementar à gestão tradicional: mais sensível, estratégico e aberto à inovação.

2. O Grupo Corcovado Brasigran completa quase quatro décadas de atuação. Qual o segredo para manter relevância e liderança em um setor tão competitivo como o de rochas naturais?

Acredito que o segredo esteja na soma de três pilares: visão de longo prazo, compromisso com a excelência e inovação constante. Desde o início, nosso olhar foi muito além da extração — sempre buscamos agregar valor à rocha, transformar matéria-prima em design. A verticalização total da operação nos permite ter controle absoluto de qualidade, oferecer materiais exclusivos e responder rapidamente às demandas do mercado, tanto nacional quanto internacional.

3. O setor de rochas ornamentais é historicamente masculino. Como foi conquistar seu espaço nesse ambiente? 

Foi e ainda é um desafio diário. Mas, com o tempo, fui conquistando meu espaço com consistência, construindo uma liderança que escuta, que propõe e que entrega resultados. Ser mulher nesse setor é, por si só, um ato de resistência e de transformação.

4. E o título de “Rainha das Pedras”? Como você recebeu esse apelido?

Foi uma brincadeira que virou uma espécie de marca afetiva. O apelido surgiu em uma feira internacional, quando clientes e parceiros começaram a me chamar assim de forma carinhosa. No fundo, é um reconhecimento de um trabalho que venho fazendo com muito empenho — de mostrar que a pedra é muito mais que um material bruto. É história, é arte, é identidade.

5. Qual foi o impacto da criação da Brasigran Home dentro da estratégia do grupo? A Brasigran Home nasceu como um laboratório criativo. Quisemos ir além do revestimento e explorar a rocha como expressão estética. Começamos a desenvolver parcerias com designers e artistas renomados, a pensar a pedra como protagonista em peças de mobiliário e obras de arte. Isso nos reposicionou dentro e fora do setor, nos conectou com um público mais exigente e consolidou o design autoral como diferencial competitivo da marca.

6. A sustentabilidade também é um pilar forte da Brasigran. Quais ações você destacaria?

Temos um compromisso real com o futuro. Hoje reutilizamos 98% da água que usamos no processo industrial, fazemos reflorestamento nas áreas de pedreiras, utilizamos energia solar e transformamos resíduos em novos produtos. A pedra já é, por natureza, um material extremamente durável, mas a forma como lidamos com ela precisa estar alinhada aos desafios do nosso tempo.

7. Que mensagem você gostaria de deixar para outras mulheres que sonham em liderar, mesmo em áreas ainda pouco ocupadas por elas?

Acreditem no seu repertório, na sua sensibilidade e no seu lugar de fala. A liderança feminina transforma, amplia horizontes, inspira novas possibilidades. Não se trata de competir com o masculino, mas de ocupar espaços com autenticidade. A pedra, por mais rígida que seja, também pode ser moldada — e nós, mulheres, sabemos bem como lapidar o que parece intransponível.