Com cinco anos de flagship em São Paulo e uma nova coleção no portfólio, o estúdio Mula Preta reafirma seu papel como voz autêntica do design de luxo contemporâneo, unindo brasilidade, afeto e sofisticação.
Ousado, autoral e inconfundivelmente brasileiro, o Mula Preta vem desbravando o universo da decoração de luxo contemporânea com um olhar que é, ao mesmo tempo, afetuoso e sofisticado. Com raízes fincadas no sertão nordestino e os olhos voltados para o mundo, o estúdio criado por André Gurgel e Felipe Bezerra traduz memórias, culturas e afetos em peças que carregam identidade e provocam emoção. Nesta entrevista, a dupla reflete sobre o papel do design autoral no mercado de alto padrão, os cinco anos de sua flagship na Gabriel Monteiro da Silva e apresenta a nova coleção Celeiro — um manifesto maduro sobre o luxo que acolhe, convida e conta histórias.
1. O Mula Preta é reconhecido por sua ousadia e originalidade. Como vocês traduzem esse DNA criativo para o universo da decoração de luxo contemporânea?
Mula Preta: O luxo, para nós, não está apenas nos materiais nobres ou no acabamento primoroso — embora isso esteja sempre presente. Ele reside na emoção que cada peça é capaz de provocar. Nosso design parte de referências afetivas, culturais e estéticas que vêm do sertão, da música, da arquitetura brutalista. Ao trazê-las para um móvel, o luxo se manifesta na capacidade de contar uma história única com elegância e personalidade. A originalidade, nesse contexto, não é um excesso, mas um refinamento.
2. O design autoral tem ganhado protagonismo no mercado de alto padrão. Como vocês enxergam a inserção do Mula Preta nesse movimento?
Mula Preta: Acreditamos que o design autoral de verdade é aquele que não tenta imitar nada — ele cria algo a partir de um ponto de vista. E é justamente isso que os consumidores de alto padrão buscam: peças com alma, com assinatura, com história. O Mula Preta se insere nesse movimento como uma voz autêntica do Brasil, que fala de um lugar não óbvio, com consistência e poesia, e que é reconhecida tanto aqui quanto em premiações internacionais.

3. A flagship na Gabriel Monteiro da Silva completa cinco anos em 2025. Qual foi o impacto desse espaço físico para a marca e para vocês como designers?
Mula Preta: Abrir a flagship foi como abrir um novo capítulo da nossa história. Ter um espaço para interagir diretamente com o público final nos fez evoluir — como marca e como criadores. Percebemos novas demandas, novos olhares, e isso refinou nosso processo. Os traços ficaram mais suaves, as coleções mais maduras. O contato direto com o cliente nos aproximou do cotidiano das pessoas, e é isso que buscamos traduzir no mobiliário: sofisticação sem rigidez, luxo com afeto.
4. O que representa a nova coleção Celeiro dentro dessa trajetória do estúdio?
Mula Preta: Celeiro é o retrato do nosso momento. Ela simboliza um retorno às origens, mas com um olhar maduro e contemporâneo. Cada peça carrega uma intenção clara: acolher. As curvas, o conforto, a proporção — tudo está voltado para criar um diálogo íntimo entre o móvel e o espaço. É luxo que convida a sentar, a viver, a compartilhar. E isso, para nós, é o novo luxo: aquele que emociona.
5. O estúdio tem um DNA muito brasileiro, mas um apelo internacional cada vez mais forte. Como vocês conciliam essas duas dimensões?
Mula Preta: A brasilidade nunca foi um verniz que a gente aplica, ela está na origem, na essência. O sertão, a música, a arquitetura local fazem parte da nossa formação. E o que temos percebido é que o mundo está cada vez mais aberto a isso: ao autêntico, ao que tem raiz. Nosso trabalho é transformar essa força cultural em linguagem de design universal. O segredo é manter a alma brasileira e traduzir em formas que toquem pessoas em qualquer lugar do mundo.

6. Vocês vêm se aproximando de outras linguagens criativas, como a moda e a arte. Qual a importância dessas conexões para o Mula Preta?
Mula Preta: Sempre vimos o design como parte de um ecossistema criativo. A conexão com a moda, com a arte, com a arquitetura, é natural, são mundos que compartilham linguagem, ritmo, expressão. Trazer isso para dentro da loja e das nossas colaborações amplia nosso alcance, mas, principalmente, nos alimenta criativamente. Acreditamos nesse design que conversa, que sai da bolha, que se contamina e se reinventa.