Entre tons neutros e irreverência, o evento mais sustentável do calendário fashion se destaca pela autenticidade
Copenhague trilha um caminho singular, onde a estética nórdica se equilibra entre o minimalismo refinado e a criatividade vibrante. A Semana de Moda da capital dinamarquesa se consolidou como o evento mais sustentável do calendário fashion, mas sem abrir mão da personalidade. Paula Bragagnolo, fundadora e diretora criativa da PGB Inteligência, compartilha suas impressões sobre a edição mais recente e revela o encanto dessa dualidade.
“A moda de Copenhague é diferente de tudo que vemos nas semanas de moda comerciais. Apesar de o estilo escandinavo ser minimalista em lifestyle e design, na moda ele ganha outra dimensão, cheia de detalhes e brincadeiras visuais que tornam essa estética única”, afirma Paula.
Criada com a premissa da sustentabilidade, a semana de moda não adota um discurso óbvio ou forçado. “Eles não criam roupas caricatas para parecerem sustentáveis. As peças são utilitárias, práticas, mas cheias de charme e funcionalidade”, destaca Paula.
Entre a moda urbana e a elegância estruturada
Os desfiles desta edição apresentaram duas grandes vertentes: o street style jovem e irreverente e a moda adulta, mais refinada e sóbria. A marca A. Roege Hove, por exemplo, trouxe peças urbanas e de gênero fluido, enquanto Stine Goya explorou o street style com um toque contemporâneo. O resultado foi uma celebração da estética jovem e despojada.
“O street style aqui não é glamouroso, mas é extremamente autêntico. As roupas são feitas para serem usadas no dia a dia, refletindo a visão prática dos escandinavos”, explica Paula.
Por outro lado, marcas consolidadas como The Garment e Baum und Pferdgarten mantiveram uma elegância discreta. Tons como bege, cinza, marrom e off-white dominaram, com inserções sutis de azul ou rosa. Peças de alfaiataria e terceiras peças, como casacos e blazers, completaram looks sofisticados, mas nunca pretensiosos.
O retorno das calças e texturas contrastantes
Entre as tendências notáveis, as calças, especialmente em corte reto, marcaram presença após um longo período de domínio de saias e vestidos nas passarelas. “As calças voltaram com força. O design escandinavo tem uma relação muito forte com essa peça, que carrega praticidade e elegância ao mesmo tempo”, pontua Paula.
A temporada também foi marcada pela combinação de materiais contrastantes, com tecidos pesados para enfrentar o frio mesclados a opções leves e fluidas que criaram uma estética dinâmica. O jogo entre texturas deu ainda mais profundidade aos looks neutros.
Minimalismo inteligente
Embora aposte em uma paleta predominantemente neutra, a Semana de Moda de Copenhague provou que o minimalismo pode ser inovador. “Os looks trabalham muito com tons sobre tons, mas a riqueza está nos detalhes: texturas, sobreposições e combinações inesperadas”, analisa Paula.
Esse equilíbrio entre simplicidade e sofisticação faz da moda de Copenhague uma referência mundial. A cidade não apenas dita tendências, mas também promove um consumo mais consciente, reafirmando sua posição de vanguarda na moda sustentável.
“Copenhague traduz perfeitamente uma cultura que valoriza o essencial, mas também se permite brincar com o design e a criatividade. É uma moda feita para o dia a dia, mas com uma elegância que conquista à primeira vista”, conclui Paula.
Dessa forma, a Semana de Moda de Copenhague segue surpreendendo, mostrando que estilo e responsabilidade ambiental podem caminhar lado a lado — e de maneira única.