De Minas Gerais para o mundo: Fabricio Victorino e sua trajetória até a Rede Globo

Como foi o início da sua carreira artística e quais foram os maiores desafios até chegar à Globo?

Meu maior desafio foi meu comigo mesmo, rs… meu 1º contato com a arte foi aos 16 anos, era um teatro de escola que conscientizava a população sobre os cuidados contra a dengue. Ali senti que queria levar isso pra vida! Mas, há 27 anos atrás pra um adolescente, matuto, nascido em Conselheiro Lafaiete, interior de Minas Gerais, era um grande desafio enfrentar os preconceitos da sociedade e os meus próprios. Naquela época, ser artista não era profissão! As gerações seguiam os padrões dos pais, isso era muito forte no interior e está presente até hoje! Então, voltei pra minha realidade que era estudar e trabalhar com meu Pai instalando box para banheiro, divisórias, forros… Aos 19 anos, fazendo faculdade de Publicidade, o bichinho da arte, como eu chamo carinhosamente, martelava minha cabeça: E aí, vai deixar seu sonho de lado? Não vai investir? Vai desistir? Foi quando me matriculei no meu 1º curso de interpretação para teatro, TV e cinema. Trabalhava em Lafaiete durante o dia, estudava em Barbacena a noite e aos sábados ia pra BH estudar interpretação. Fiquei 1 ano nessa rotina. Em 2005, já com 25 anos, morava em Belo Horizonte, era gestor de trade e marketing em uma multinacional, fazia teatro como hobby, uma válvula de escape. Estava estressado, sugado e sem motivações com o mercado corporativo, decidi largar tudo e investir, profissionalmente, em minha carreira artística! Foi quando disse a minha mãe: Fofinha, não sou casado e não tenho filhos, vou me mudar pro Rio!!! Ela disse “vá com DEUS meu filho! Seu quarto sempre estará aqui se precisar…” Era o q eu precisava ouvir. Me mudei pro Rio e aqui estou há 20 anos. Na época Investi minha grana toda em curso de interpretação! Cal, Studio Escola, GET dentre outros, porém, meu dindin acabou. Tive que me virar! Vendi pastel de angu, vendi colchões, fui papai noel da Coca, depois me formei em economia, fui gerente de banco, ganhava mais de 5 dígitos p/ mês, larguei tudo de novo e fui tocar violão nas ruas por alguns trocados, acredite! Minha história dá um belo roteiro, tenho muito orgulho dela! Esses foram alguns desafios, um deles, inclusive, se tornou inspiração pra uma canção de minha autoria, intitulada DESAFIOS! Agora, minha 1ª participação na globo veio depois de 13 anos de labuta, foi no inicio de 2017 e de lá pra cá já participei de + de 10 produtos na casa dentre séries e novelas.

Você já trabalhou em diversas áreas como música e teatro. Como essas experiências enriqueceram sua atuação na televisão?

  Na verdade, acredito que a música e o teatro enriquecem a gente pra vida, enquanto ser humano e como artista também, sabe Karol? O TEATRO CURA!!! Eu acho que o teatro, a TV ou Cinema, por mais que tenhamos linguagens interpretativas diferentes, a gente empresta nosso corpo, nossa bagagem pro personagem no processo criativo, de construção e quando a gente se permite investigar nossos limites emocionais e ultrapassá-los para dar vida a um personagem, que as vezes corrompe nossos princípios e valores morais. Isso mexe profundamente, lá nas nossas entranhas, as vezes temos que buscar fora com laboratórios, preparadores de atores, pra conectar com a essência do personagem. Temos que despir do ego, vaidade, padrão social, preconceito, julgamento pra lapidar esse diamante!!! E isso é um presente pro artista e pro ser humano que está por ali. Até arrepiei!!! Na música eu sou suspeito, porque sou compositor também e minhas músicas são uma forma de expressão ou de auto motivação  pra mim!!! A música sendo minha ou não, sempre embalou minha vida. Tem uma música minha, Mentiras Baratas, escute e perceba, fisiologicamente, como seu corpo se sente! É surreal!!! A música transforma!!!

Seu papel na serie Love Rock and Blues exige alguma preparação especial? Como você se preparou para viver esse personagem? 

 Nesse caso não exigiu muito preparo, sabe porque?  É bem curioso Karol, as vezes o personagem se parece tanto com você, que a gente consegue emprestar muita coisa pra ele. E esse foi o meu caso com Dan, protagonista de Love Rock and Blues. Quando li o perfil do personagem, sonhos, anseios, personalidade. Literalmente, era como se estivesse lendo minha própria historia. História de um músico, artista, apaixonado pelo ser humano e em servir os outros através da arte. Então, no set de filmagens, o Igor Moreira, diretor e idealizador do projeto, só fazia ajustes finos antes de rodar a cena! Ja cheguei pronto!!

Você pode nos contar um pouco sobre como é o processo criativo por trás das cenas e como você se conecta com seu personagem?

   Pra cada caso um caso! Rs…imagina um ser humaninho ligado no 220 / TDAH! Então, pra personagens que tem mais a ver comigo é tranquilão! Uso minha reserva de conhecimento. Personagens mais distantes e de comportamentos opostos…preciso de uma dedicação ímpar, laboratórios e um processo de conexão bem mais profundo, envolvendo meditação e exercícios de exaustão pra entrar na órbita do personagem. Agora cenas de luta com armas de fogo, espadas….ai é treinamento pesado mesmo.

A série traz algum tema social ou emocional que você considera relevante e que te tocou pessoalmente? 

   Ela me tocou pessoalmente, desde o início da 1ª temporada, como lhe disse o personagem tem muito a ver comigo e isso é fantástico! Mexe muito comigo! Trata-se de uma série musical cômica. Ela é bem leve, mas, não é rasa entende? Possui pontos de vista extremamente profundos que te fazem refletir. Ela é recheada de “tapinhas de luva”. Quanto ao tema social é fácil perceber na trama a inclusão social 360°. Temos perfis de diversos gêneros com personalidades diferentes. Um elenco predominantemente de pessoas negras. O tema central fala de sonhos, não desistir, perseverar, independente da origem, cor, ideologia de gênero. Independente do CEP, classe social ou base familiar…Love Rock and Blues aborda o sonho como tema central, como chama de esperança a vida! A série é tão inclusiva que a Produtora Gypsy Filmes com o patrocínio da Rio Filmes, disponibilizará a série no Youtube, com qualidade de cinema, no intuito de liberar o acesso a todas pessoas, de todas as classes, pra quem pode e pra quem não pode pagar uma ou mais plataformas de streaming, qua hoje em dia tá assim, né? Uma plataforma só não passa todos filmes e séries! Rs…

Como tem sido a recepção do público até agora, tanto nas redes sociais quanto nas ruas? Alguma interação te marcou?

A sensação que tenho é que nessa montanha russa de emoções, sinto que a maioria dos meus fãs e amigos, torcem e vibram muito com as minhas conquistas, poucos querem ficar me colocando no pedestal pra me admirar somente como fã, portanto, acredito que eles também fazem parte das minhas conquistas! Pelos seus depoimentos vejo que tenho muitos fãs/amigos e isso é genuíno e genial!!! Somos uma família!!! São interações que me enchem os olhos…

Coberturas
Mais recentes
Destinos
Entrevistas