São Paulo, julho de 2020 – Não tem sido difícil encontrar pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Essa vontade vem de diversos fatores, como o simples desejo de manter-se em forma, aquela vontade de emagrecer e comer saudável para ganhar saúde e imunidade. Mas, na verdade, você sabe o que é comer de forma benéfica e ter saúde?
Alimentar-se de maneira saudável tem muitas definições. No entanto, não há um consenso definido: alguns acreditam que tudo deve ser integral; outros defendem os alimentos orgânicos; ou existem pessoas que optam por comer sem açúcar, farinha branca e por aí vai. Apesar da existência de todas essas diferentes teses, a nutricionista doutora da USP e autora do best-seller “O peso das dietas”, Sophie Deram, não apoia nenhuma dessas definições. A especialista destaca três importantes dicas de como fazer isso sempre em paz com a comida.
“Precisamos ter uma visão menos reducionista da alimentação. Devemos parar de focar em alimentos milagrosos e acreditar que a melhor definição é comer de tudo, sem restrição, sem culpa, com prazer e sempre respeitando nossa fome e emoções. Uma ótima dica é privilegiar a qualidade e variedade dos alimentos, mas também com um comportamento alimentar sadio”, orienta.
A nutricionista também alerta que os consumidores criam uma obsessão por “comer perfeito” ou “comer limpo”. Porém, elas não percebem que isso pode virar uma doença. “Uma dessas condições é a Ortorexia. Essa obsessão é um excesso de informação e do terrorismo nutricional que acontece com muitas pessoas. Precisamos aprender a filtrar tudo o que lemos a respeito de dietas restritivas e alimentos bons e ruins. Esse tipo de preocupação dá origem à culpa e a uma forma de comer transtornada”, explica.
Para ajudar quem quer aprender a comer de maneira saudável e nutrir não só o corpo, mas também a mente, a nutricionista lista três dicas essenciais.
1. Não faça dietas restritivas
As pessoas adotam as dietas restritivas porque buscam perder peso rapidamente, mas essa nunca é a melhor opção. Essa prática agride não somente o físico, mas também o emocional. Além disso, quem escolhe as dietas restritivas costuma sofrer com o efeito sanfona, ou seja, volta para o peso maior de antes e ainda ganha alguns quilos extras. Isso afeta com mais força seu emocional.
“Dietas restritivas causam um grande estresse e afeta ainda mais a saúde mental das pessoas. Por conta disso, é importante perceber que a resposta não está nas dietas, mas sim optar por um estilo de vida mais saudável. Precisamos entender que a saúde tem uma definição mais ampla do que somente peso. É um bem-estar físico, mental e social”, justifica.
2. Coma alimentos mais frescos e caseiros
Outra dica essencial é começar a escolher alimentos menos industrializados. Isso não quer dizer que você precisa deixar de comer um chocolate ou biscoito quando sentir vontade. No entanto, ter o hábito de escolher mais itens frescos e caseiros para seu consumo ajuda na sua saúde.
“É sempre bom entendermos que comer bem, por exemplo, é aquele almoço que tem cara dessa refeição: arroz, feijão, salada, legumes e carne. Esse é o padrão brasileiro e ele é fantástico. As pessoas estão com medo de comer arroz pensando que isso engorda, mas precisamos esquecer esse terrorismo nutricional. A nutrição ficou reducionista e só fala de nutrientes. Não falamos mais de carne com arroz, mas de proteína com carboidrato. Tem uma confusão entre saúde e peso. Parece que precisa emagrecer para ser saudável”, explica.
3. Cozinhe
A população ainda vive em isolamento e talvez esse seja o momento para frequentar ainda mais a cozinha. Quando você vai para o fogão, ou alguém faz isso para você, a alimentação tem mais qualidade e é melhor planejada. É mais uma forma de consumir comida caseira e ter mais consciência na hora da refeição.
“Cozinhar também ajuda no que falamos sobre diminuir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Precisamos entender que a saúde tem uma definição mais ampla do que somente peso. É um bem-estar físico, mental e social. Ser saudável é a melhor coisa que podemos fazer para fortalecer nosso corpo e o emocional”, conclui.