“MANTENHO O RADAR LIGADO PARA SENTIR O QUE O PÚBLICO VAI ADERIR”

Por: Larissa Barreto

Seja no ar, na terra ou no mar, em São Paulo ou BH: Gabriel Gontijo mantém seu radar ligado 24h para as novas tendências e comportamentos que surgirão. No ‘Persona’ dessa semana, nosso convidado de 29 anos falou sobre sua carreira e tudo que o inspira na moda, viagens e seu lifestyle criativo. Desde quando começou a produzir conteúdo na internet, Gabriel traz sua personalidade autêntica que, junto com a expertise da comunicação, o fazem um dos digitais influencers referência na nova forma de ‘influencia’ na internet. Dono de um senso estético clean e minimalista, quem o acompanha sabe que nem sempre foi assim. “Eu já fui mais extravagante, usando estampas com marcas. Atualmente, sou mais minimalista. Já usei roupas muito justas, enquanto hoje opto por shapes mais largos.” Mas não é só na moda que Gabriel é referência. Sua paixão por aeronaves o fez criar o @window.seat.view_, aonde compartilha imagens das janelas de aviões durante as diversas viagens realiza, seja a trabalho ou por hobby. Falando em viagens, esse também foi um dos tópicos da nossa conversa com ele que falou do impacto que a pandemia trouxe no mercado de moda com as mudanças de formatos dos desfiles internacionais e coberturas feitas por influencers e jornalistas. Confira a entrevista completa abaixo com esse rapaz de olhos azuis que encantam e trazem consigo muito a compartilhar:

 

 

  1. Como você era quando criança, Gabriel? Era curioso, arteiro, criativo? Já soltava spoilers da alma de artista que se revelaria no futuro?

 

Eu era bem tranquilo, na real. Bem tímido, por incrível que pareça. Atualmente, trabalho fazendo vídeos, fotos. Em determinado momento, na adolescência, eu tive um ‘turning point’ e não lembro exatamente o porquê, mas  comecei a ficar mais desinibido. Eu gostava muito de fazer colagem na escola e minha criatividade foi algo aprimorado com o tempo.

 

  1. Qual o elo entre a comunicação, a moda e o marketing para você? O que os une na sua vida na prática?

Eu trabalho com moda em cima dos meus canais de comunicação pois sou formado em Comunicação. Tive a oportunidade de ter uma experiência com Marketing quando trabalhei em uma marca (Iorane, em 2014). O jeito de comunicar, de transmitir uma mensagem, contar uma história em cima de ferramentas de segmentos diferentes mas que, no final, a intenção é chamar atenção de quem recebe essa mensagem pensando nas formas criativas e peculiares de transmitir e contar essa narrativa.

 

  1. Sendo da geração dos anos 90, que acompanhou o surgimento da internet, você tem lembranças da sua primeira interação com o virtual? Como foi?

 

A primeira lembrança que tenho é de jogar os jogos em CD-ROM. Para a maioria das pessoas da minha geração o primeiro contato com o computador foi pelo Paint – uma ferramenta mais lúdica, rs – e o campo minado, que já vinham instalados no computador!

 

  1. Atualmente você trabalha com algo que, até alguns anos atrás, nem existia. Você imaginava essa transformação e trilha profissional? O que acha dessas mudanças no mundo e nas interações nas relações que a internet proporciona?

 

Eu não imaginava. Quando comecei a vislumbrar que curso faria na faculdade, era relacionado à comunicação ou algo criativo. Mas ainda não visualizava que profissão eu exerceria. Foi tudo muito orgânico: saindo de uma agência, indo para uma marca e depois focando nos meus perfis nas redes sociais. Me considero uma pessoa muito privilegiada por estar em contato com pessoas que antigamente eu jamais imaginaria que teria contato, conheci pessoas que eu admirava quando comecei a trilhar meu caminho profissional. Esse segmento da internet proporciona isso: essa interação com pessoas de diferentes realidades mas que falam do mesmo segmento.

 

 

  1. O que e quem te inspira?

Minha família. Meus pais, o que eles me ensinaram e ensinam diariamente quanto à ética, educação, postura e comportamento. E meus quatro avós: o jeito educado que minha ‘vó’ materna se porta. O jeito sincero descontraído que minha ‘vó’ paterna tem. A história de vida profissional do meu avô paterno é algo que me inspira diariamente. E a generosidade, simpatia e carinho do meu avô materno também é algo que levo comigo. Meus pais e meus avós são minhas maiores referências de conduta pessoal e profissional, me espelho bastante neles.

 

  1. A moda é uma forma de expressão e arte, você concorda? Como foi descobrir o formato de expressar-se não só por seus looks mas também de seu conteúdo em si, tanto no SnapChat (início) quanto no Instagram?

Sim, a moda é uma forma artística de expressão. Eu consigo definir meu estilo no hoje, no agora. Não consigo perpetuar isso porque acredito que estamos em constante evolução, o que é algo muito bom. Vamos nos conhecendo, tendo noção dos nossos limites e possibilidades. O cenário externo também muda constantemente e temos como exemplo o que estamos vivendo agora: há um ano, ninguém imaginaria que estaríamos todos na rua usando máscaras de proteção e que, de alguma forma, interferiria na nossa aparência. Eu já fui mais extravagante, usando estampas com marcas. Atualmente, sou mais minimalista. Já usei roupas muito justas, enquanto hoje opto por shapes mais largos. Então, acho que tudo isso está em constante mudança. Se fosse pra definir o agora, seria algo mais sóbrio. Mas também nada me impede de brincar com as estampas.  Acredito que com o tempo vamos nos entendendo e nos aprimorando… readaptando o estilo e evoluindo.

 

  1. Suas viagens são uma das marcas registradas do seu lifestyle. Conta pra gente o que é viajar para você… acreditamos que seja algo muito além do que ‘mover-se geograficamente de um lugar para outro’!

 

De fato, são capítulos muito importantes pra mim. Desde pequeno eu gosto muito de avião, sempre me fascinou muito. Viagem para mim é reflexo do meio de transporte. Toda viagem, principalmente as internacionais, passamos muito tempo dentro dos aviões e, por isso, são as que mais me fascinam. Primeiro, por conta do fato de conhecer um lugar fora do nosso espaço geográfico mas também porque demanda muito tempo. Acho que é mágico viver qualquer oportunidade de entrar em um avião, subir quilômetros de altura e olhar pela janela. Cada viagem, seja de férias, profissional, de última hora… eu as guardo com muito carinho na minha memória. E eu consigo te falar exatamente quais foram todas as viagens que fiz porque é algo muito marcante pra mim, me amarro muito a cada viagem, que é especial independente do motivo e destino… é um momento no qual me dedico a guardar na memória.

 

 

  1. Quais lugares que você conheceu pelo mundo que mais te marcaram e por quê?

 

Sem sombras de dúvidas: o Japão. Quando eu era muito novo, meu pai foi pra lá com meu irmão e eu nem tinha noção do que era. Mas fiquei com isso na cabeça porque eu queria ter ido. Eles passaram uma semana lá e, desde então, fiquei com essa vontade de ir. De 2014 para 2015 (Natal e Ano Novo) , fui com um ex-namorado e foi muito mais do que eu esperava. Superou minhas expectativas de uma forma positiva, foi algo que desejei por muito tempo e, quando conheci, foi surrealmente encantador. Tive um sentimento de propriedade e identificação com os costumes e cultura mesmo sendo algo muito diferente do que vivemos. Mas me encantei e foi, de fato, o lugar mais espetacular que tive a oportunidade de conhecer.

 

  1. Em tempos de pandemia, como você interpretou esse momento que o mundo está passando e o impacto que isso gerou no mercado da moda?

 

Como muitas pessoas já falaram: foi um momento de introspecção para autoconhecimento e entendimento dos seus limites. Estávamos num ritmo muito acelerado e prejudicando nossa saúde mental e física, a demanda de informações e produto era matematicamente calculável provando que chegaríamos a uma estafa. Falando isso parece até egoísta porque estamos falando de uma pandemia onde muitas pessoas perderam a vida, mas refletiu no mercado onde atuamos e é um momento de olhar pra trás, repensar esse consumo desenfreado. Mas acho que em alguns anos, com a descoberta de uma vacina eficaz e com a estabilização disso, nada impede que o mundo e o mercado voltarem ao ritmo normal. Afinal, somos consumidores e queremos demandar coisas novas. Mas acho que, nesta janela que 2020 teve, estaremos em um ritmo mais desacelerado.

 

  1. Para você, o novo formato de desfiles e os posicionamentos que as marcas estão adquirindo são para uma mudança positiva ou negativa? É a hora de um ‘novo formato’ e com isso, uma ‘nova influência’?

 

Acho que é positivo na questão da democratização no acesso da informação. Antes os desfiles eram transmitidos por lives ou sites, mas existia uma segmentação de quem estava dentro da sala do desfile ou não. Esse formato permite o acesso global e imediato para todos independente de qual classe você ocupa no mundo da moda. Mas a experiência do desfile em si, seja nacional ou internacional, é muito legal. É um ambiente encantador porque os designers que criam atmosfera do evento, as modelos famosas que acompanhamos no Instagram e conseguimos acompanhar… gerando uma atmosfera de desejo. E é até confortável também por não termos que nos deslocar e nem demandar tempo ou dinheiro, poupando energia acompanhando um evento à distância.

 

  1. Quais as características de um(a) influenciador(a) digital de sucesso no mundo atual e quais as mudanças que você acredita que ainda veremos por aí no universo digital, na forma de fazer marketing e conectar com o público para gerar venda – mas mais do que isso, gerar uma relação de admiração e confiança?

 

Atualmente, a propriedade do que se fala. Seja o que for ou qual o segmento – moda, gastronomia, etc – é importante saber sobre o que se fala. Como estamos tendo acesso fácil à informação é também maior a probabilidade de ser raso, medíocre. Ser raso não é bacana, temos que ter propriedade sobre o que falamos. Nosso papel é pegar uma informação e transmiti-la de forma mais fácil, compreensível e didática. É preciso saber o que e como se fala. Ser persistente, curioso e questionador porque, afinal, não somos impessoais. Temos opinião porque somos pessoas falando sobre algo sem ser tanto imparcial. Pro futuro, temos como exemplo a onda do tiktok que veio forte, o Snapchat – que foi transferido para o stories do Instagram… é ter o jogo de cintura para não virar as costas para novas plataformas e formatos que estão surgindo e, se for o caso, adaptar-se. Não posso prever o futuro mas mantenho o radar ligado para sentir o que o público vai aderir. Nunca podemos deixar também a força da plataforma no qual se concentra a audiência de cada um.

 

  1. Qual o lado positivo e o lado negativo de trabalhar com produção de conteúdo quanto a marcas e marketing de moda? Os aprendizados são constantes?

 

O lado positivo é a oportunidade de conhecer pessoas que admiramos, conhecer lugares novos, produzir um conteúdo digital sem estar fisicamente no local. O maior desafio são marcas muito tradicionais e inseguras que querem estar presentes no mundo digital, mas que contratam os profissionais e não querem seguir o que se é sugerido… um conteúdo que acaba ficando modificado por conta da falta de flexibilidade. Mas isso é questão de confiança que vai sendo adquirida com o tempo. E, apenas com o tempo, as marcas vão entendendo que podem ter mais confiança no trabalho dos produtores de conteúdo.

 

  1. De que forma você se mantém atualizado e fomentando sua criatividade?

Procuro manter-me atualizado com revistas, artigos, percebendo ao meu redor não só no digital, mas também no físico o que as pessoas gostam, ouvindo e entendendo o outro. Comunicação é uma troca mútua entre mim e meu público portanto, é importante ouvir a demanda das pessoas tanto quanto falar. Então, é colocar tudo isso no liquidificador e ir fazendo essa receita… é assim que vamos nos aprimorando criativamente.

 

 

PING PONG – GABRIEL GONTIJO

Um sonho:

É impossível escolher um só. São muitos desejos e conquistas pessoais que almejo.

Um desafio:

Ser fluente na língua francesa.

Um aprendizado:

Entender que somos todos diferentes por nossas vivências e saber lidar com isso.

Um hobby:

Viajar

Uma comida:

Japonesa

Uma viagem:

Japão

Uma pessoa:

Impossível definir só uma, sou muito apegado à minha família.

Uma sensação:

Chegar em casa depois de um dia de trabalho bem feito.

Um cheiro:

Do meu perfume

Um gosto:

Qualquer comida salgada, tipo: pizza!

Um lugar:

Minha casa em Belo Horizonte.

Uma boa história pra contar:

Qualquer história de viagem durante férias, com meus amigos.

Um lugar ou momento do passado que você gostaria de voltar:

Meu réveillon na Austrália

Um lugar do presente que você ama viver:

Entre São Paulo e Belo Horizonte.

Um lugar do futuro que você deseja vivenciar:

Atualmente, um mundo sem pandemia.

Coberturas
Mais recentes
Destinos
Entrevistas