Entre telas e páginas, o repertório múltiplo de Caroline Dallarosa

Atriz, fenômeno das redes e agora escritora, a artista aposta no hibridismo das linguagens

Caroline Dallarosa não coleciona personagens, coleciona experiências. Em “Malhação: Toda Forma de Amar”, entrou no universo juvenil da televisão e aprendeu que intensidade de sentimentos é motor narrativo. Em “Além da Ilusão”, também da TV Globo, viveu uma jovem dos anos 1940 e descobriu que não basta decorar falas: é preciso absorver ritmo, gestos e modos de um tempo que não existe mais. No cinema, com “Tá Escrito”, experimentou a diferença de ritmo da câmera grande, em que um olhar pode carregar mais peso que páginas de diálogo. E, em paralelo, foi para o digital e para a literatura, mostrando que o artista de hoje pode circular em múltiplas linguagens sem perder a autenticidade.

Mas foi com Camila, em “Garota do Momento”, que Caroline viveu um verdadeiro furacão. A personagem, uma estagiária de publicidade que surgiu no meio da trama, pegou a internet de surpresa: rendeu meme, trend, e rapidamente se tornou o “xodó do público”. A entrada da atriz na novela já em andamento não apenas movimentou as redes, mas mostrou o quanto sua presença conseguiu mudar o humor da narrativa: “Eu nunca imaginei que uma participação pudesse gerar tanto barulho! Entrar em uma novela já no meio é como chegar atrasada em uma festa, porque você não sabe se vai ser bem recebida pelo público, como vai se encaixar exatamente naquele universo já em andamento. Mas com a Camila foi diferente, porque eu senti que os telespectadores me puxaram para a pista de dança de cara! Esse carinho inesperado me deu ainda mais vontade de arriscar, porque não existe prêmio maior do que sentir que você foi abraçada por quem assiste”], comenta. 

Ela própria reconhece esse acúmulo como um patrimônio: “Cada projeto me deixou uma marca. ‘Malhação’ me ensinou a segurar uma trama longa, com a adrenalina diária de gravações sem descanso. ‘Além da Ilusão’ me obrigou a vestir uma época, a ser alguém que pensa e age em outro tempo. O cinema me deu a lição de que, diante de uma câmera, um piscar de olhos já é uma fala inteira. E escrever um livro foi algo completamente diferente, porque era lidar só com o silêncio da página e, ainda assim, sentir que há um público me esperando. Quando junto tudo isso, não vejo apenas uma carreira; vejo uma escola que está sempre aberta.”]

Agora, esse repertório está prestes a ganhar mais um capítulo com a estreia literária. Caroline lança ainda em 2025 o romance “De Coração”, pela editora Viseu. A obra acompanha a jovem Anne, cuja vida muda ao começar a receber cartas misteriosas, e brinca com a ideia de leitura multisensorial: cada capítulo tem título inspirado em canções pop e vem acompanhado de playlist acessível por QR CodeEu quis que o leitor não apenas lesse a história, mas também a ouvisse e a sentisse. Porque, no fundo, a literatura também tem teatralidade, só que na cabeça de quem lê. Escrevendo, percebi que a palavra pode ser tão sonora quanto uma fala em cena”], conclui.

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