BRU FIORETTI – DONA DE SI

Quem segue a carreira de jornalista sabe que o dia a dia da profissão permite conhecer inúmeras outras pessoas e universos. E foi assim, na produção de uma pauta para uma matéria sobre carreira, que Bru Fioreti descobriu o coaching. A jornalista, que participou da consolidação da revista Glamour no Brasil – e chegou a ser redatora-chefe da publicação! – não pensou duas vezes quando o desejo de assumir o protagonismo de sua vida profissional falou mais alto. Deixou a redação e foi se arriscar no que fez seus olhos brilharem e seu coração bater mais forte: a possibilidade de escrever histórias de um outro jeito, ajudando pessoas, principalmente outras mulheres, a escreverem as suas também. Este é, por sinal, sua espécie de slogan: Minha história é ajudar você a (re)escrever a sua. Sabe a máxima “Vai. E, se der medo, vai com medo mesmo”? É a cara da Bru. 

 

Você foi uma das jornalistas mais queridas da Glamour. Como chegou à redação da revista? Eu queria ser escritora muito antes de saber escrever. Então, passei boa parte da minha carreira sendo muito feliz como jornalista, trabalhei em grandes veículos de comunicação, como o Estadão. Entrei na revista Glamour na sua fundação no Brasil, em 2012, e fiquei até fevereiro de 2017. A minha saída foi para fazer uma outra coisa que eu amo, mas que não estava no meu radar até então, que é o coaching. Fiz a formação para uma matéria da revista e falei: ‘Não tem como. Eu tenho que trabalhar com isso’. Comecei a atender e começou a fluir. Quando vi, já estava muito mais coach do que jornalista. Saí feliz da Glamour, mas queria viver a vida solo e empreendedora, que não é muito fácil, mas que é muito prazerosa, sabia? 

 

Você tinha muita certeza da sua decisão. Do que mais você tinha medo nessa transição? Meu medo de sair da Glamour era cair no ostracismo. Sempre estive por trás de um grande veículo. Ir trabalhar sozinha e ser a Bru Fioreti de onde? Eu sou da Bru Fioreti Conteúdo e Coaching, que é a minha empresa. O medo de não dar certo é o que acompanha todos nós. Mas eu não me deixei paralisar por isso. 

 

Você fala no seu site que você ajuda as pessoas a escreverem e reescreverem as histórias delas. Como o coach ajudou você a realizar isso na sua vida e como você atua na vida das pessoas? Quando eu me lancei como coaching, eu coloquei uma espécie de slogan: ‘Ajudo você a reescrever sua história, assim como reescrevi a minha’. É comprovado que a minha geração – eu sou da Y – vai viver diversas profissões ao longo da vida. Aceitar e abraçar essas mudanças de profissão é algo muito difícil quando chega nos 30 e poucos anos e não se encontra mais naquela área, mesmo sendo bem sucedido. Que era o meu caso: era redatora-chefe, estava bem, feliz, mas não era mais suficiente. Quem me procura quer reescrever a história, e tento mostrar que as regras que funcionaram em uma carreira não necessariamente funcionam para outra. O que eu faço é ajudar as pessoas nessa transição de área ou pessoas que já sabem o outro propósito de carreira que querem seguir mas não sabem fazer isso na prática. O meu trabalho é fazer com que as pessoas se sintam mais acompanhadas nesse processo, porque é um pouco solitário. 

 

Existem técnicas para o coaching? Sim. Tem uma porção de técnicas para ser mais produtivo, para conseguir se posicionar de uma maneira mais efetiva. O coaching usa de psicologia positiva, que é a minha especialização; bebe da fonte do marketing, em teorias da comunicação, em Positive Management Leadership (PML, no português, liderança positiva); até em marketing político. Com tudo isso eu crio ferramentas para que as pessoas atinjam suas metas. E eu também testo em mim o que funciona e o que não. Até porque eu não me coloco em um pedestal como sendo uma pessoa sempre produtiva. É uma construção que a gente faz ao longo da vida. 

 

Você fala sobre ter uma empatia com o universo feminino e o conhece bem por ter trabalhado durante muitos anos com isso. Como você enxerga esse momento feminino? Eu acho que a gente vive uma época gloriosa para ser mulher porque ser feminista parou de ser uma coisa feia. Eu não tenho medo dessa palavra. Não tenho medo de falar ‘eu sou feminista’. É incrível que haja um movimento em torno do protagonismo feminino, da mulher poder se posicionar e brigar pelos seus direitos, pois ainda existe muita diferença. A gente vive esse momento principalmente nas redes sociais, onde não é feio você falar que competia com outras mulheres até ontem, mas que entende que era estimulada a fazer isso; ou que foi preterida pelos homens; que os homens te interromperam a vida inteira e você não sabia que isso tem um nome, que é algo inaceitável. 

No coaching, você trabalha ajudando outras mulheres a reescrever suas histórias profissionais. Como é trabalhar com esse público? Tem algo muito específico da mulher, que é a síndrome da impostora: sensação que a gente tem de não ser suficiente, de ser inadequada. E isso não é à toa. É reforçado por uma sociedade que não acredita em nós, no nosso potencial. Tapar os olhos para isso é viver em outro planeta. Aqui, em 2018, é a hora de falar sobre esse assunto e como ele é difícil. Essa boa comunicação com as mulheres eu devo à revista. Lá, eu fazia matérias de carreira e comportamento. Então, eu entendo e estudo muito o feminino. A linguagem que eu ajudei a criar na linha editorial, agora eu trago para a minha trajetória como coaching. 

 

Box: Você conhece a Síndrome da Impostora? 

A sensação de ser um fraude define a síndrome da impostora e pode ser endossada pela sociedade por conta da discrepância de tratamento entre homem e mulher. A condição está associada à necessidade de se mostrar capaz, uma vez que acontece, majoritariamente, em âmbitos profissionais dominados por homens. Isso resulta, além de depressão e falta de confiança, em mulheres cansadas física e mentalmente, pois acreditam ter que trabalhar sempre mais para ser merecedora de reconhecimento. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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