AS DESCOBERTAS DA SEMANA DE DESIGN MILÃO POR ANA FIUZA

Destaques

Falar sobre a semana de Design de Milão de 2019 é contar sobre um ser humano que volta as origens, que gosta de ouvir estórias, de se emocionar e viver a vida com poesia. É a expressão do indivíduo que quer viver a vida mais leve, gosta de humor e que quer ter na casa um lar aconchegante e com afeto.

Missoni
Missoni

Pensando em ambientes afetivos, a Missoni deu um show. Com a exposição que se chamava “Home sweet home, when reality becomes a fairy tale”. Alessandra Roveda e Angela Missoni fizeram uma casa toda (TODA!) em crochê, com as cores e estampas icônicas da marca. As texturas apresentadas traduziram uma forma de morar alegre e aconchegante, como se uma avó tivesse feito aquilo tudo para nós.

Missoni (dir) e Paola Lenti (esq)

As cores de Paola Lenti estavam mais intensas do que nunca. Ela que faz composições como ninguém, mostrou mais uma vez no seu galpão na Via Orbi que vale a pena sair do circuito para ver suas peças. Este ano, ela apresentou partes do seu processo criativo e a forma como monta o quebra cabeça das cores, matérias e formas de um jeito único.

Plastic Life

As texturas gritam. Os materiais são de verdade e mostram toda a sua beleza natural. As madeiras mostram seus veios saltados, as cerâmicas têm seus poros marcados, as paredes são descascadas e as formas são sinuosas. Vemos as almas dos materiais, sua raiz, sua natureza e originalidade. As flores não são de plástico, a não ser que sejam aquelas dos premiados do concurso “Plastic Life”, promovido pela galerista Rosana Orlandi para o reaproveitamento de matérias plásticas; ou as flores neon da Bethan Laura Wood, expostas na Nilufar Gallery e em instalação para a Perriet Jouet. Lindas! Fora essas, todas as outras “fakes” estão fora de moda.

Bethan Laura Wood para Perriet Jouet
Bethan Laura Wood para Nilufar Gallery

Ainda na galeria de Rosana Orlandi, foi exibida uma exposição espetacular chamada “Waste no More” em colaboração com a estilista Eileen Fisher. A marca está fazendo com a casa o que ela já faz com as roupas. No programa “Renew”, a loja compra de volta roupas usadas dos clientes que podem virar novas peças ou créditos para futuras compras. Agora, ela compra de volta os itens em uma condição que não podem mais servir como vestuário e as transforma em arte. Painéis minimalistas feitos com as tais sobras de cashemire, linho, algodão orgânico, em tons de branco e cru, foram elaborados e expostos de forma suave e emocionante.

Waste no More x Eileen Fisher

Dentro e fora da feira a paleta de cores é terrosa. Variações de corais, terras cotas, ocres e marrons. O Elemento terra vem forte nas cores e na sustentabilidade. Todas as marcas pensam “green”, seja na utilização de carros elétricos nas fábricas ou na reutilização de materiais e recursos. É cafona não se preocupar com o planeta.

Glass Italia / Vitra / UMZIKIM

Para contrapor a cartela neutra, pontos de neons estratégicos ascendiam os showrooms das marcas. Vimos isto de forma super elegante para usar sem medo de cansar na marcas Cassina, Vitra, Glass Italia e no studio japonês Umzikim.

Cassina
Fornasetti

Os tapetes vieram em modelo de tapeçaria nas paredes de todas as formas, cores e texturas. As peças eram assinadas por vários designers bacanas. A espanhola Patricia Urquiola, assinou colaboração com   3 marcas: Cassina, CC Tapis e Gan. Com humor, nostalgia, metáforas e imaginação, a Fornasetti também lançou uma coleção com 11 novos modelos. Lembrei dos modelos de Burle Marx e Tomie Otake e de como o  Brasil é Avant garde!

Poltrona Bulbo Irmãos Campana

Falando em Brasil, os irmãos campanas, mais uma vez, deram um baile na exposição da Louis Vuitton, chamada “Objects Nomands”. Uma sala no Pallazo Serbelloni dedicada só para eles! Bananeiras com toques furta-cor era o cenário perfeito para o lançamento da poltrona Bulbo, inspirada nas flores tropicais e com uma cor linda amarelo-banana-da-terra. Orgulho.

Instalação em comemoração dos 50 anos da poltrona up na BbItalia

Foi um ano de muitas homenagens e comemorações: 500 anos de Leonardo da Vinci, 50 anos da Living divani, 70 anos da Vitra e 50 anos da poltrona Up de Gaetano Pesce. A B&B Italia reeditou a poltrona nas cores preto e bege e a apresentou na belíssima exposição da Via Durini. Já no Duomo, a história da poltrona foi relembrada através da instalação “Suffering Magesty”. Gaetano queria fazer uma metáfora com as mulheres, que são vítimas de uma sociedade machista em um mundo governado por homens. As formas sinuosas e voluptuosas de sua estrutura representam o corpo feminino e a bola amarrada à poltrona representa uma corrente que priva a mulher de liberdade. Tema, ainda, super polêmico e atual nos dias de hoje.

GIRAFAS QUEEBOO // DimoreGallery

Nas exposições da Interni foi usado a célebre frase de Niemeyer como lema das mostras: “A vida é mais importante que a arquitetura”. Várias instalações colocavam os seres humanos e suas necessidades vitais de volta ao centro do design. Uma das instalações que mais chamava atenção era a colaboração de Marcoantonio com a Queeboo, marca que produz itens acessíveis em plástico injetado. Representando leveza e ironia, duas girafas em tamanho real carregando lustres estilo Maria Teresa, representavam dois animais apaixonados mas que não sabiam disto, pois, segundo o artista, possuíam o coração muito longe da cabeça; logo, poderiam experimentar o amor de forma despreocupada.

As sensações se materializam e nos emocionam. Ao visitar a instalação da Dimore Gallery, que fazia uma homenagem a italiana Gabriela Crespi, experienciei um daqueles momentos que sentimos algo inexplicável, apenas nos emocionamos por aquilo que estamos vivendo. Cores, texturas, cheiros, sons, tudo fazia uma composição que me fizeram sentir viva. Sentir de verdade, com os cinco sentidos. Trazer as sensações à tona foi um quesito muito valorizado e marcante não só nesta, mais em muitas exposições durante o salão e o fuori.

A grande tendência do design nos dias atuais, é se fazer sentir por inteiro e viver a vida real  usando todos os sentidos:  sentir as cores, ver os cheiros, escutar texturas e saborear os sons. Viver o aqui e agora, ao vivo e a cores! Essa é a tendência!

 

SOBRE ANA FIUZA

Arquiteta e urbanista formada em 2009 pela Universidade de Fortaleza. Lecionou como professora, por 2 anos no Curso de Pós-Graduação de Arquitetura de Interiores na Universidade de Fortaleza. Participou de 3 edições da Casa Cor Ceará e teve seus espaços premiados em algumas edições como “Melhor ambiente sustentável”.

Ana é dona de um estilo suave e detalhista. Umas de suas maiores característica é a capacidade de criar harmonia entre o clássico e o contemporâneo sem perder o equilíbrio e sofisticação.

No mercado corporativo tem atuado juntamente com grandes redes de varejo, construtoras e emissoras de televisão; já no mercado cenográfico elaborou cenários para as principais emissoras e afiliadas do Nordeste.

Uma de suas principais características é a capacidade de se comunicar com o cliente e conseguir entender suas reais necessidades; transformando ideias e sonhos em projetos funcionais, harmoniosos e elegantes.

A preocupação e respeito pelas particularidades e anseios de seus clientes é levada em consideração do início ao fim do projeto

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