Tania Khalill te convida a ser Emponderada

Uma atriz linda de dentro para fora, com sua voz transmite muita paz e mansidão. Ela é uma mulher que se observou na necessidade de se reinventar após ver sua filha com dez anos e ela com 40 e só ter se dedicado ao trabalho, não ter aproveitado esses momentos infantis que mães e filhas tem. Hoje, já está há mais de quatro anos morando nos Estados Unidos, mas não esconde a saudade de seus familiares que ficaram por aqui. Ela está construindo sua carreira internacional, participando da série na HBO, e agora conseguiu ficar mais perto das suas filhas e do esposo. A convidada da semana é, Tania Khalill.

Logo que começamos, Tania revelou estar resolvendo papeladas de lá, mas conseguiu um tempo para conversar conosco. Muito simpática seu sorriso durou a entrevista toda e ainda disse estar com saudades das praias do litoral brasileiro.

Tania se mudou do Brasil, em 2017, ela conta que se mudar com o marido Jair Oliveira e as filhas, Isabella e Laura, foi um desejo de se reinventar.

“foi um desejo de rever muitos valores e crenças na minha vida que eu sacava que não estava mais batendo com o que eu estava vivendo naquele momento. E eu trabalhei muito”, disse ela com uma mansidão. Tania ainda continua, “nisso minhas filhas nasceram e eu continuei viajando muito de São Paulo para o Rio e de repente me deparei com Isabela, minha filha mais velha, com 10 anos e para mim, foi quase que um chamado. Ela com 10 e eu com 40, eu falei: ‘Meu Deus, só trabalhei. E ela já tem 10 anos e o tempo passou num segundo.’ Então essa noção do tempo começou a vir como um pedido de reavaliação; será que é assim que eu quero viver os meus tempos? O meu tempo daqui para frente?”, se questiona. “E isso me veio de um jeito que nunca tinha vindo. Porque a direção da minha carreira sempre foi muito forte na minha vida, um ponto de vista muito forte. E eu comecei a pensar, si só isso tava me nutrindo. E de repente correndo e vendo minhas filhas crescerem e o tempo passar, eu achava que eu tinha que resgatar alguma outra coisa, viver de um outro ponto de vista, viver num novo papel, como Tania. Será que assim que eu quero desfrutar da minha vida daqui para frente? Então a gente vindo para cá era uma oportunidade de ficar junto como família de uma nova maneira, estudar novas coisa, me desafiar. Mas isso foi se transformando e a gente tá aqui a mais de quatro anos”.

Ela se reinventou quando mudou de país, mas ter que seguir a carreira de atriz, seguir seu sonho também foi se reinventar, a paulistana fez graduação em psicologia como um plano B, se acaso a arte não desse certo.

“Minha mãe é uma psicologia que eu sempre admirei, maravilhosa, meu pai é medico. Então, minha família tinha uma formação mais cartesiana, mais certinha. Como o Brasil tem um espaço limitado para as artes, é quase que jogar na loteria você conseguir uma oportunidade, você ter espaço, não só o outro te dar espaço, mas você ir atrás de espaço, o espaço é pequeno para isso. Então eu falava: ‘Eu tenho que ir junto, tenho que fazer as coisas junto. Tenho que fazer balé e uma outra profissão, tenho que ser atriz e uma outra profissão, porque eu tenho que ir, pois, se não der certo numa profissão da noutra. E eu sempre fui uma boa aluna, sempre amei estudar. Só que chegou um ponto que eu falei: ‘preciso viver minha paixão, a psicologia vai tá sempre comigo na minha vida, na minha forma de ver as coisas, na minha casa, nas minhas análises, principalmente do jeito que eu sempre gostei de olhar para dentro’. E a psicologia tem muito a ver com o teatro. Mas chegou uma hora que falei: ‘Agora eu vou da espaço para meus sonhos somente’. Porque a psicologia exige muito, a faculdade é integral e o teatro nem se fala. Ai teve um momento em que decidi só focar e investir só na arte. Mas na minha vida sempre foi tudo um pouco ao mesmo tempo.”

Segundo Tania, contar para sua mãe sobre deixar a psicologia e viver da arte, não foi nada fácil, porém dona Terezinha Calil, lhe deu todo apoio para seguir a carreira de atriz e o universo artístico.

“demorei mais a falar, mas o dia que falei eu lembro que foi uma libertação tão grande. Porque eu cheguei para minha mãe, como se eu tivesse reunido forças de uma eternidade, com os meus vinte e poucos anos. E ela falou assim:’Que bom, filha, vai!’. Lembro que ela falou: ‘A psicologia vai tá aqui para você sempre, na sua vida, ela vai te acompanhar em tudo, e se você alguma hora quiser voltar, na hora que você voltar, você faz novos cursos e fica inteirada do que tá acontecendo no momento”.[…] Então pra mim, foi uma libertação e eu esperei tanto[contar], [isso é]uma prova de que a gente cria historia na nossa cabeça e é mais simples do que pode ser.”

Sabemos que a terapia nos ajuda bastante até na correria do dia a dia ou mesmo em dias calmos é bom buscar a terapia para nos conhecer. Para Tania a psicologia lhe ajuda na vida de atriz até no processo de dar vida ao personagem. “Na hora de olhar para um personagem e olhar para dentro de mim e ver o que posso emprestar meu, pro personagem, o que eu não tenho ideia que aquela personagem está vivendo. [a psicologia ajuda] como vou me pesquisar algo que se aproxime emocionalmente daquela situação que minha experiência de vida nada se remete”.

A arte cura as emoções tristes com personagens alegres, a arte cura, com uma escultura romântica que transmite uma história, só ali parado, mas antes de estar ali já percorreu a mente do escultor. Para a Tania a arte lhe cura desde criança quando fazia aulas de balé.

“Quando eu via que por ser muito sensível, emocional e intensa, eu ia para o balé e era onde aquilo tudo fazia sentido para mim. Na hora que eu ponha meu corpo em ação e ouvia aquela música clássica, me desafiava nas minhas coreografias, trabalhava em grupo. Aquilo pra mim desde criança era o lugar onde fazia todo sentido, onde curava os medos, onde curava as preocupações.”

Tania fala que está havendo um movimento que protagonizam mulheres na faixa dos 40.

“Sinto que tem um movimento muito grande no mundo para que mulheres de meia-idade tenham voz, tenham espaço. Eu sinto isso mais forte nos Estados Unidos que no Brasil”.

Tania Khalill

Taís Araújo, Mônica Martelli, Patricia Poeta, Giovanna Antonelli e Preta Gil são algumas mulheres da televisão que lhe inspiram. Na atuação, Pedro Almodóvar e Woody Allen são os diretores com quem Tania Khalill sonha trabalhar.

Seus trabalhos que mais marcaram foi o projeto Grandes Pequeninos que rodou o Brasil e fez para um grande público: “Espalhando amor”, segundo ela. Na dramaturgia trabalhar em Caminho das Índias, com Glória Perez foi uma realização, “[fazer a novela] foi muito feliz na minha vida, do começo ao fim, que eu tinha cena em todos os capítulos. Foi um grande presente em minha vida.”

Fazer uma novela no Brasil, com duração de nove meses, hoje não é algo que se encaixa em sua vida, no entanto, a atriz está disposta a vir fazer uma série. Por sinal, ela comentou a sua participação na produção da HBO, em Mrs. Fletcher, em que fez cenas com a estrela hollywoodiana Kathryn Hahn. “Foi muito interessante ter a chance de fazer uma sequência de cenas com uma atriz sensacional.”

REPRODUÇÃO/HBO

Sobre novos projetos, Tania contou que está desenvolvendo uma nova peça, como disco, dos Grandes Pequeninos com o esposo Jair. E seu projeto agora é lançar no digital o workshop Palco da Vida: “Para mulheres de meia-idade que tenham interesse em olhar para si, ressignificar, expressar o que realmente desejam, o que realmente tocam o coração.”

“Esse trabalho é um chamado muito grande para poder tocar outras pessoas. Juntar todos esses anos de estudo, onde tô unindo a arte, a psicologia e a neurociência.”, conta Tania Khalill.

O workshop Palco da Vida tornou Tania uma mulher “Ponderosa”, não empoderada, pois o poder segundo ela, “é algo que está muito confuso nos dias de hoje”. E analisa:”Quem tem poder e faz bom uso dele? Quem é que tem poder e faz bom uso? São poucas pessoas. Então acho que o universo feminino tem a chance de ser… Ponderoso! Quando a gente pondera e usa força e brilho”.

Depois desse bate-papo carinhoso, com seu jeito doce, Tania Khalill te convida a ser emponderada: “Que a gente se lembre sempre de se escolher primeiro, que a jornada que a gente tem aqui nesse universo, como guardiãs das famílias, guardiãs de nos mesmas, de antenadas com o que tem de mais superior e elevado nessa existência. Que a gente possa pensar em agir fora depois de tá alinhada com sigo mesma. Que a gente tem um valor na mão de levar amor, de abraçar, de abraçar umas as outras. De trazer menos julgamento, de se escolher e se trabalhar. Porque nosso universo interno da pano pra manga para 300 existências. Que a gente não passe por essa[existência], que é a de agora, esquecendo de trazer presença para o nosso dia a dia. Porque cada dia é um dia a menos, que a gente possa se valorizar e antes de tudo lembrar de nos mesmas.” Finaliza ela com um lindo sorriso no rosto.

Coberturas
Mais recentes
Destinos
Entrevistas