O cenário político dos últimos anos, tornou o país bastante polarizado o que acarretou uma invasão no congresso. Mas, se você pensa que esta foi a primeira vez que tentaram um ataque terrorista em Brasília, engana-se! Em 1988, quando o clima era ainda pior por causa da fome, redemocratização e da hiperinflação da época, o trabalhador Nonato (Jorge Paz) se rebela contra o presidente e as dificuldades de um país em crise e orquestra o sequestro de um voo comercial para um atentado ao Palácio do Planalto. Murilo (Danilo Grangheia), o piloto desse avião, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e mesmo com toda tensão criada pelo sequestrador dentro da aeronave, executa a manobra mais impressionante da sua carreira e muda a história da aviação. Baseado em uma história real que foi inspiração para o atentado de 11 de setembro, O Sequestro do Voo 375, novo filme nacional distribuído pela Star Productions (antiga Fox), chega aos cinemas no próximo dia 07/12.
Dirigido por Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) e com roteiro de Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, o filme leva um drama poderoso para as telonas com uma trama simples e direta, que consegue criar uma atmosfera de angústia constante. A sensação que temos ´durante 1h40 min é que uma tragédia vai acontecer a qualquer momento. Compreender o contexto da época é crucial para entender as motivações de todos naquele avião, e isso o roteiro foi bem eficiente, inclusive criticando e sem romantizar aquele momento caótico da nossa história.
Outro ponto positivo é a reconstrução impecável da cabine do avião, montada exclusivamente para o filme, e pela autenticidade da ambientação, o que nos leva de volta ao ano de 1988. Infelizmente, as cenas de CGI são de baixa qualidade e com alguns erros bastante perceptíveis em relação ao Aeroporto de Confins, além de ficar nítido que o avião não está no céu, porém isso não torna a experiência menos impactante.
Precisamos destacar o elenco que faz o filme brilhar, como Jorge Paz (Gangaço Novo) que mesmo sem se aprofundar na vida de Nonato, apresenta um homem raivoso e desesperado, mas que ao mesmo tempo é ingênuo e arrependido dos seus atos. Tornando muito difícil o espectador não sentir empatia por ele e desejar que a história tenha outro final, mesmo sendo impossível. E Danilo Grangheia (Irmandade) que vive o comandante Murilo, que é o grande herói da história, apesar de não ter sido reconhecido como tal por Sarney. Fernando Murilo de Lima e Silva (1944-2020) conseguiu passar ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) o código correspondente à “interferência ilícita” ocorrendo a bordo, também foi muito hábil conseguindo dissuadi-lo de chocar o Boeing contra o Palácio do Planalto e ainda, fez manobras no avião sensacionais e que evitaram uma tragédia ainda maior. Aliás, o filme é uma homenagem direta e muito justa ao piloto! O embate entre os dois é responsável por toda a emoção e êxito do filme, pois de um lado temos Nonato que deixa claro que não tem nada a perder e do outro, Murilo que faz de tudo para salvar seus passageiros.
Outro mérito é retratar com fidelidade um crime grandioso, mas esquecido. O nosso 11 de setembro aconteceu bem antes do estadunidense, e segundo especialistas, serviu de inspiração para Osama Bin Laden. Pois, foram encontrados nos pertences do terrorista vários materiais sobre o sequestro.
Para finalizar, O Sequestro do Voo 375 mesmo com erros é uma ótima opção para quem gosta de filmes de ação e crimes reais, valendo a ida aos cinemas!
Por Patricia Porto
