Entre uma expansão silenciosa em 2025 e a consolidação essencial que começa a desenhar 2026, o designer e arquiteto Rodrigo Laureano encerra mais um ano compartilhando uma visão sensível sobre ritmo, escolhas e permanência no criar.

1. Um ano de expansão discreta
“2025 foi um ano de expansão que não pediu anúncio. Um período em que muita coisa aconteceu de forma consistente e profunda, mas sem a necessidade de ser imediatamente revelada. Viagens, encontros, exposições e a abertura de novos mercados fizeram parte desse movimento, porém quase sempre longe do ruído, como processos que acontecem no fundo, sustentando algo maior que ainda está por vir. Houve amadurecimento profissional, mas sobretudo um refinamento interno, uma reorganização da maneira de olhar o negócio, o tempo, as pessoas e o próprio papel de quem cria, decide e lidera.”
2. Múltiplas camadas e tensões do crescimento
“Foi também um ano vivido em múltiplas camadas, muitas vezes em tensão. Criador expandindo sua atuação para outros contextos, gestor enfrentando estruturas mais complexas e desafiadoras, visionário costurando novos elos e estabelecendo marcos que ainda não são visíveis, e, ao mesmo tempo, um construtor silencioso, consciente de que certas etapas pedem discrição para ganhar densidade e verdade. Nem todo crescimento precisa ser imediatamente comunicado, alguns movimentos exigem silêncio para amadurecer.”
3. 2026: refinamento e consolidação
“Se 2025 foi sobre expansão e amadurecimento, 2026 começa a se desenhar como um ano de refinamento, ajuste e consolidação. Menos sobre abrir novas frentes e mais sobre aprofundar caminhos já iniciados, lapidar processos, alinhar discurso e prática e sustentar uma visão que atravessa áreas sem se fragmentar. Um novo ciclo se inicia não como ruptura, mas como continuidade consciente, em que a ambição deixa de estar ligada ao volume e passa a ser medida pela coerência, pela clareza de propósito e pela capacidade de integração.”

4. O luxo de desacelerar
“Ao observar os movimentos que se intensificam para os próximos anos, especialmente no comportamento humano e na forma como lidamos com o trabalho criativo, fica evidente uma tendência que é ao mesmo tempo essencial e radical. O luxo deixa de estar associado à rapidez, à escala ou à disponibilidade imediata e passa a residir na recuperação de modos de fazer que foram deixados para trás. Construir como se fazia antes, com domínio técnico, tempo, pessoas qualificadas e sensibilidade, torna-se cada vez mais raro em um mundo que acelerou demais.”
5. O valor do tempo como privilégio
“A escassez de profissionais capazes de executar o que é complexo, aliada à dependência crescente de tecnologias que ainda não substituem o saber humano, torna os processos inevitavelmente mais lentos e mais caros. Essa lentidão, que parece dissociada das urgências do presente, começa a ser ressignificada. Esperar quatro ou seis meses por algo bem feito passa a ser entendido não como obstáculo, mas como privilégio. O tempo volta a ser parte do valor, talvez o seu componente mais determinante.”
6. Escolhas conscientes e trabalho essencial
“Vejo 2026 como um ano que exige escolhas mais claras e posturas mais firmes. Essencial por eliminar excessos, simplificar discursos e recusar soluções superficiais. Radical por exigir profundidade, constância e compromisso com processos que não se adaptam à pressa vazia. Nesse contexto, o trabalho criativo deixa de ser apenas uma resposta estética ou uma busca por novidade e passa a assumir uma dimensão mais ética, quase espiritual, em que criar, construir e liderar exigem presença, intenção e responsabilidade.”

7. O verdadeiro luxo dos próximos anos
“Talvez o verdadeiro luxo dos próximos anos não esteja apenas no objeto final, no espaço ou na imagem, mas na capacidade de sustentar processos longos, decisões conscientes e uma visão que respeita o tempo necessário para que algo exista de fato. Para mim, 2026 começa exatamente aí.”









