Com atuações em obras da Globo à Disney, a atriz fala sobre burnout, transição capilar, música e vida fora dos palcos

Em 2025, Gabriella Di Grecco habita tanto a memória quanto a novidade. Na televisão, o público a reencontra na reprise de “Além do Tempo”, agora em exibição no Globoplay Novelas; no teatro, recentemente esteve em montagens como “Uma Babá Quase Perfeita”, no papel de Lydia, e “Elvis: A Musical Revolution”, , em que interpretou tanto Dixie Locke quanto Priscilla Presley. Entre reprises e produções de novo fôlego, ela se mantém presente em múltiplas frentes artísticas. Mas fora desse giro de palcos e câmeras, existe a outra Gabriella: a que escreve, a que medita, a que se recolhe.
Quando momentaneamente longe da ribalta, quem ela é? O que lê, o que anota, como organiza o tempo em que não está sendo personagem? É nesse intervalo, sem plateia, que se delineia o retrato mais pessoal da atriz: “O ator precisa ter muito autoconhecimento para transitar entre as diferentes fases da profissão. Já sofri muito com isso. Hoje entendo que a profissão artística é como a vida e a natureza: são ondas. A sabedoria está em saber surfar nessas ondas. A convivência com o Miguel Falabella me ensinou muito sobre isso: quanto mais frentes de trabalho você assume, mais ondas chegam pra você surfar. É muito importante ter duas paixões: amar a si mesmo e amar a diversão que a arte pode proporcionar. Pra mim, mesmo quando estou fora dos palcos ou das telas, continuo trabalhando e exercitando arte. Pra mim, alem de um ofício, é terapêutico.”
Essas pausas, ainda que discretas, são atravessadas por reflexões sobre saúde mental e limites da entrega. Ela já expôs sua luta contra o burnout – síndrome reconhecida pela OMS, marcada por exaustão física e emocional, distanciamento afetivo e queda no rendimento, que atinge cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros segundo a ISMA-BR e mais de 40% dos profissionais no mundo. Mas o que, de fato, muda quando uma artista se pergunta se a busca pela excelência ainda é dela? O que nasce desse questionamento?
“O big chop foi um momento muito simbólico dessa libertação. Alisei meu cabelo por 20 anos para corresponder às expectativas estéticas do trabalho e da sociedade. Meu processo de autoconhecimento me conduziu a olhar para o meu corpo e para minha mente com mais verdade. Percebi que ali morava uma autenticidade que eu desconhecia e que tem aberto caminhos para mim que eu nunca tinha imaginado. Se conhecer e se cuidar de verdade tem resultados incríveis se você se der a chance. Mas é um processo que ocorre somente de dentro para fora”, acrescenta.
E existe o cotidiano sem maquiagem de cena, sem figurino, sem roteiro. Integrante da Warner Chappell, braço de composição da Warner Music, ela carrega a credencial de autora profissional, mas o que nasce quando a caneta não responde a demandas de catalogo e escreve apenas para si? E que músicas a acompanham no trajeto?
“A Gabi é uma pessoa alegre, curiosa e muito profunda.Não consigo olhar as coisas e as pessoas de forma muito superficial. Não há nada de errado com a superficialidade, mas a minha curiosidade não permite, (risos)! Além disso, gosto muito de estudar, o que endossa muito esse meu jeito. Isso, por um lado, é ótimo. Por outro, tenho dificuldade de aceitar e lidar com o que não tem explicação. Já sofri bastante com isso, inclusive alguns episódios nesse sentido afetaram a minha saúde mental. Mas a gente vai aprendendo a lidar e a confiar. A vida tem o jeitinho dela e muitíssimas coisas vão acontecer sem nenhuma explicação lógica. Existe uma inteligência da nossa intuição que nos conduz a ter essa confiança no que não tem explicação.“, finaliza.