Dia Internacional da Mulher: Day Mesquita reflete o quanto ainda se há de conquistar

Com dois lançamentos previstos para este ano de 2024, a artista desconstrói estereótipos e incentiva a maternidade como força criativa, não redutiva

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Day Mesquita, mãe do pequeno Dom, de 1 ano e 5 meses, traz à tona reflexões sobre um assunto que atravessa a vivência feminina: a interseção entre a maternidade e a identidade da mulher enquanto indivíduo. Conhecida por suas atuações em produções televisivas como “Cheias de Charme”, que em breve será reprisada na Globo, e “Amor Sem Igual”, trama da Record em que viveu a protagonista Angélica, a atriz hoje confronta os estigmas que por tempos a acompanharam.

“Seja um ano ou um mês após dar à luz, eu sinto que a culpa é uma sombra que pode pairar sobre as mulheres que tentam conciliar suas aspirações profissionais com o chamado da maternidade. O momento do parto, de dar vida a outro ser, acaba por se tornar, também, um momento onde se é levada a crer que é necessário que uma mulher deixe de existir para que nasça uma mãe. E não precisa ser assim. Embora o trajeto da maternidade percorrido por mim tenha me trazido momentos em que eu senti essa necessidade de viver a maternidade em sua totalidade, em outros, eu sentia que precisava buscar caminhos para que eu pudesse encontrar com outras partes minhas que se aquietaram por um tempo e que também sempre foram muito importantes para mim. É importante entender, compreender e aceitar essas fases da maternidade e também desmistificar essa transição. É importante entender que o florescimento da maternidade não requer o sacrifício da própria identidade”, comenta.

A atriz sublinha a necessidade de as mães se reconhecerem como indivíduos autônomos e plurais, aptos a desempenhar vários papéis, os que quiserem, sem que um sobreponha os outros: “Durante um bom tempo me

questionei sobre o desejo de ser mãe, mas eventualmente eu entendi o que me colocava nesse lugar: pessoalmente, era a ideia enraizada de que a mulher se torna incapaz de viver com plenitude seus desejos e aspirações pessoais depois de dar à luz. E, no meu caso, os profissionais também. Já visualizava toda uma possível sobrecarga que a sociedade patriarcal implicitamente

diz

ser

nossa

responsabilidade, que diz que você não é uma boa mãe se, por exemplo, deixar o filho com a avó por alguns dias para viajar. Precisamos falar mais e mais de sororidade e empatia, porque ainda estamos muito longe do ideal nesse sentido; basta olhar as redes sociais e nota mac esta em amemo egito de lazer, mesmo que seja por um fim de semana, se o filho não estiver junto. Tirar um tempo para si não faz com que se ame menos, nem faz com que não se morra de saudade e já queira estar grudado novamente; e por mais que seja óbvio, parece que sempre há a necessidade de desenhar e reforçar isso. Ter o Dom foi a melhor coisa que me aconteceu, mas reconheço meu privilégio por ter um parceiro incrível que não só me apoia, mas compartilha as responsabilidades parentais comigo. Vejo mães com experiências totalmente opostas à minha no que diz respeito ao companheiro, falando que os pais ‘ajudam’, muitas vezes fazendo só o mínimo. Ou seja, inconscientemente, como se não tivessem qualquer dever mesmo. Essa concepção é reflexo do mundo em que vivemos. Mães solteiras, então, nem se fala – enfrentam desafios em dobro. Por trás de cada mulher chamada de guerreira, existe alguém exausta, alguém que lamenta de maneira legítima a falta de apoio e não é reconhecida”.

A atriz também aborda a persistência do preconceito no ambiente de trabalho, especialmente durante a gestação. De acordo com um relatório recente, divulgado pelo Instituto Holandês de Direitos Humanos, 43% das mulheres enfrentam discriminação profissional devido à maternidade, e o quadro não é diferente na indústria audiovisual.

“O caminho em direção à igualdade de oportunidades no mercado de trabalho ainda é um percurso longo e árduo, marcado, inclusive, por, desafios persistentes e injustiças. É alarmante perceber que, mesmo em tempos contemporâneos, tantas .

mulheres

continuam enfrentando discriminação por simplesmente exercerem seu direito inalienável à maternidade. Essa discriminação não só é desumana, mas também prejudica gravemente o tecido social e econômico da nossa sociedade.

No mercado audiovisual, onde modernidade e o progressismo são altamente valorizados, era de se esperar um terreno mais igualitário, mais evoluído; no entanto, a realidade é que as mulheres gestantes continuam sub-representadas e sub-remuneradas em muitas áreas desse setor. A maternidade, longe de ser uma limitação, deveria ser vista como uma expressão da experiência humana e um catalisador para uma cultura de trabalho mais inclusiva e compassiva, que não enxerga a condição de gravidez como um empecilho incapacitante”, pontua.

Com seu primogênito prestes a completar 18 meses de vida, Day tem duas estreias no universo do streaming à vista para o ano de 2024: a minissérie “Tudo de Bom”, situada nos anos 80, onde interpreta a ex-vedete Simone Mantovani, e a série “Caminhos”, de título provisório, baseada em histórias reais e apresentada no formato de sessões de terapia, onde explora o papel de uma personagem lidando com distúrbios mentais, incluindo surtos psicóticos e traços de esquizofrenia.

Coberturas
Mais recentes
Destinos
Entrevistas