Dia dos Pais e a paternidade ativa

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Há uma lenda que diz que quando não tinha terra, um pássaro sem saber o que fazer com o corpo do seu pai, decide enterrá-lo na parte detrás da sua cabeça. Surgindo, assim, a memória, o lugar onde mora o nosso passado. Não é no cemitério, é em cada um de nós. Acho tão bonita essa imagem do corpo do nosso pai ser velado no que ainda há de mais misterioso no humano: a cabeça. O que, definitivamente, não é mistério é o quanto o pai encabeça a nossa história. Como psicóloga sistêmica e consteladora familiar, eu confirmo todo dia o que diz a teoria, fica um buraco enorme quando o vínculo não é vivido na sua integralidade. É falsa a leitura de que a mãe ou alguém pode ocupar esse lugar. Não pode, não deve, o nosso corpo sabe que somos feitos da metade de um pai. E cobra. Põe a saúde, a carreira, as relações desse que veio depois à prova. Quem é o pai dessa criança? Ninguém precisa de super-herói para ser salvo nessa história. O que faz ser grande é o tamanho da presença que pode e deve ser imperfeita. Pelo menos, meu pai, é alguém que tenta, é vulnerável, está disposto e não aqui a contragosto. Sujeito de sorte quem já compreendeu que filhos não vêm para dar orgulho, repetir padrão, nem querem ser a nossa melhor versão. Filhos querem ser vistos como são e vê-los com atenção nos tornam mais sábios, mais fortes. Ressuscitar a nossa própria memória, talvez, seja o grande norte das relações em vida. Super-pai é quem aceita o vôo que cada filho nos convida.

Renata Magliocca
Psicóloga Sistêmica e Consteladora Familiar
@contodevista

 

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