“Assim como era o bicho, era o homem”, disse Manuel Bandeira em seu poema “O Bicho”. Hoje, no dia do veterinário, nosso entrevistado põe à prova a citação do autor do famoso poema. Quando perguntamos quais os maiores desafios do exercício da profissão que lida com os seres vivos irracionais, Rodrigo afirmou: “Conseguir identificar sensações e sentimentos em seres que não falam, conseguir aprender e diferenciar a inúmeras formas de doenças e tratamentos nas várias espécies animais.” A multiplicidade e complexidade do mundo animal é o mesmo mundo no qual Rodrigo e tantos profissionais se encontraram e aprenderam a falar a língua abstrata de cada um desses seres em prol de sua saúde e bem-estar. A tendência de sentir-se superior aos bichos parece ser uma arrogância intrínseca ao homem que, quando permite-se fazer diferente e enxergar essa relação de igual para igual, como habitantes de um mesmo ecossistema, perde-se o lugar para o amor e a empatia. Confira a entrevista completa com Rodrigo, esse profissional que inspira com sua paixão pelo que faz:
INVOGA: Quando e como foi o momento na sua vida que você decidiu que seguiria essa profissão?
RM: Eu sempre gostei muito de animais, sempre tive uma relação muito próxima. Sempre criei bichos, andava em fazenda, montava. Acabou sendo um caminho sem volta. Rs
INVOGA: Qual propósito você enxerga no que faz?
RM: Hoje a Medicina Veterinária não é somente cuidar dos animais doentes. Se tornou algo muito mais abrangente. Cuidados da saúde dos animais e em consequência cuidamos da saúde da população. Além do mais, um PET não é somente o “bichinho de estimação” da casa. Eles hoje são membros da família. Temos uma responsabilidade imensa.
INVOGA: De qual forma você acredita que cuidar dos animais torna o mundo e as pessoas melhores?
RM: Levando-se em consideração o amor incondicional que os animais tem por nós, as pessoas estão começando a criar vínculos de amor que muda as relações de afeto existentes. Assim, com a humanização das criações, vemos as pessoas tornando-se mais afetuosas. Acho que o amor pelos animais e o amor deles por nós proporciona isso.
INVOGA: Conta pra gente algum (ou alguns) momentos e sensações inesquecíveis que você viveu no exercício da sua profissão! (Bons e ruins)
RM: Sempre tem momentos bons e ruins. Mas quando conseguimos salvar uma vida e ver a emoção do tutor em levar o PET pra casa, isso não te preço. Da mesma forma, ocorre de perdermos pacientes. A morte sempre é algo difícil de encarar, por mais que saibamos que isso muitas vezes, seja algo inevitável.
INVOGA: Para você, qual o elo e beleza da relação homem > animais > mundo?
RM: O amor e respeito pelos animais deveria gerar no homem os mesmos sentimentos para com o mundo. Esse respeito tornaria um mundo um lugar melhor. Infelizmente não funciona bem assim.
INVOGA: No dia a dia, em qual o momento você se sente realizado?
RM: Com toda certeza, o melhor lugar é dentro de uma sala de cirurgia.
INVOGA: Quais os maiores desafios do médico- veterinário? E os aprendizados?
RM: Temos vários desafios a transpor. Conseguir identificar sensações e sentimentos em seres que não falam, conseguir aprender e diferenciar a inúmeras formas de doenças e tratamentos nas várias espécies animais. Lidar com o lado financeiro. Muitas vezes se torna um empecilho na realização de um tratamento adequado.
INVOGA: O que você diria para uma pessoa que quer seguir nessa profissão? O que é necessário, pro que precisa se preparar no futuro?
RM: Seja o melhor no que você faz. Invista na profissão. Não tenha medo do trabalho. Hoje, vivo muito bem com a minha profissão.
INVOGA: Qual a diferença de tratar um pet e um animal silvestre?
RM: Na verdade sempre muda tudo. É como tratar um cão e um gato. Cada um tem suas particularidades. Sempre muda muita coisa entre as varias espécies, mesmo as mais corriqueiras