Uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA) apresentou números alarmantes de suícidio no Ceará já em 2022. De janeiro a maio deste ano, 207 pessoas – 171 homens e 36 mulheres – morreram por lesões autoprovocadas intencionais, totalizando 41 vidas perdidas por mês. De acordo com Lorena Soares, psicóloga e cofundadora da Amar.elo, startup especializada em Saúde Mental corporativa, é preciso atenção dos gestores e executivos a esses números, pois o ambiente de trabalho e as relações nele contidas são fatores determinantes para o adoecimento mental que pode resultar no suicídio.
Traços de sofrimento psíquico nas pessoas atuantes na empresa, como mudança brusca de comportamento, choros aparentes, apatia, queda radical de produtividade e picos de humor devem ser observados. “Essas pessoas precisam de acolhimento, escuta ativa e apoio psicológico. É muito importante ações que visem tornar a empresa esse ambiente acolhedor”, alerta Lorena.
O ideal, segundo a especialista, é que as corporações estejam atentas a frequência e intensidade em que os funcionários apresentam esses traços. “É importante que as empresas entendam seu papel fundamental no combate ao suícidio e promovam estratégias para contribuir com pontos de identificação e, consequentemente, promoção de saúde em suas dependências”, defende a psicóloga.
Algumas ações devem se tornar parte da rotina de trabalho, como legitimar as ideias dos colaboradores, mesmo que não sejam acatadas; manter uma cultura de acolhimento e inclusão entre os grupos de convivência; evitar julgamentos e comparações. “Na hora do cafezinho ou conversas nos corredores, é importante validar o sentimento das pessoas. Comparações devem ser profundamente evitadas, dores ou competências não devem ser comparadas com as de outras pessoas. Não é bacana focar só nos processos de trabalho, mas também na pessoa que está responsável por eles”, observa.
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